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sexta-feira, junho 28, 2013

Editais e Noticias 1806 - I


Editais e Noticias – Janeiro de 1806



Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sábado de 4 de Janeiro de 1806


        Tendo-se divulgado andar fora do Estreito uma Fragata Argelina, e que esta apresara um iate português, consta agora por notícia Oficial do Comandante da Nau 'Afonso Albuquerque' da nossa Esquadra no Estreito, que a dita Fragata não era Argelina mas sim pertencente a El Rei de Marrocos, e por ordem sua comprada em Londres pelo mouro Bentabel, que vinha a seu bordo; e que a 7 de Dezembro de 1805 encontrara um iate português que registara para saber se ia para Lisboa, para ele remeter cartas; e que sendo este encontro visto pelo comandante de uma embarcação inglesa, se persuadira este que era uma Fragata Argelina que apresava um iate Português, e daqui nasceu, divulgar-se aquela notícia, que agora se vê não ser exacta.

Lisboa, 7 de Janeiro de 1806

Na praça do comércio, desta cidade se afixou um edital do teor seguinte:

        ‘Por aviso da secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e de guerra foi servido o Príncipe Regente N. S. mandar participar à Real Junta do Comercio, Agricultura, Fabricas, e Navegação destes reinos e seus domínios a tradução da carta que o Almirante Collingwood, escreveu ao governador de Cádis, o marquês de La Solana, relativa ao modo, por que se deve entender, o bloqueio a respeito da navegação dos navios neutros, que demandarem aquele porto e o de San Lucar: a qual tradução remetida pelo cônsul português daquela praça e do teor seguinte.=’ A bordo do navio de linha 'Rainha', na Baía de Gibraltar, 19 de Novembro de 1805.= Meu senhor Marquês, havendo tido a bem sua Majestade ordenar que os navios das Nações neutrais que se dirijam aos portos de Cádis e San Lucar com carregamentos que não sejam de contrabando de guerra, se lhes permita passar francamente sem interrupção por esta Esquadra de bloqueio; tenho que suplicar a S. Excelência tenha a bondade de mandar que esta concessão de sua Majestade seja significada aos cônsules das nações neutras residentes em Cádis. Tenho a honra &c. Colberto Collingwood. = E para constar se mandarão afixar editais. Lisboa 26 de Dezembro de 1805. = Assinado = Francisco Soares de Araújo e Silva.’  

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira 7 de Janeiro de 1806

        Nos dias 8, 9 e 10 do corrente mês na Praça do Comércio se à de por os lanços para se arrematar a corveta ‘Conceição’ , aliás ‘Paquete do Maranhão’, de construção Portuguesa, vinda ultimamente do Maranhão, e ancorada defronte da Boa Vista.

      

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira 14 de Janeiro de 1806

Grã-Bretanha 28 de Dezembro de 1805

        Na Gazeta da Corte de 10 de Dezembro de 1805 se anunciou ter o navio de 'S.M. Princesa Carlota' ao comando do Capitão Tobin, tomado a 5 de Outubro próximo passado ao pé de Tabago a Corveta Francesa 'Cyane' de 26 peças de artilharia, e 110 homens de equipagem, comandada pelo Tenente do mar Mesnard, depois de um combate em que houve da parte do inimigo 3 homens mortos, um dos quais era o 2º comandante Gautier, e 9 feridos, incluso um Alferes; e da nossa um homem morto e 6 feridos. A 'Cyane' tinha saído da Maurícia a 29 de Setembro com o bergantim 'Naiade', o qual ao tempo do combate consegui escapar. O Capitão Fyffe, da 'S.M.B. Rein Deer', tomou a 13 a Setembro de 1805 na altura do Cabo Maynts o corsário Francês 'Renomuné', de 2 peças e 40 homens, pertencentes a São Domingos, mas ultimamente tinha saído de Barracoa. Na Gazeta da corte de 14 de Dezembro se anunciou também que o Capitão Flemming, do navio de 'S. M. B. Egyptienne', tomou a 20 de Dezembro de 1805, a letra de marca Espanhola a 'Paulina' de 12 peças de artilharia (8 das quais deitou ao mar na caça que lhe deu por 9 horas) a qual tinha saído do porto de Passages, na Guipuscoa, e, segundo era de supor, ia para as Índias Ocidentais.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sábado 18 de Janeiro de 1806

       

Grã-Bretanha continuação das notícias de Londres de 28 de Dezembro de 1805

        Na Gazeta da Corte de 24 de Dezembro de 1805, se anunciou que o Capitão Champain, comandante do navio de 'S.M.B. Jason', tomou a 10 de Outubro nos mares da Barbada a corveta francesa, a 'Naiade' de 16 peças de artilharia (mas que pode montar 22 peças) e 170 homens a bordo, comandada pelo Tenente Hamon, a qual tinha saído da Martinica havia dois meses, mas não pôde fazer durante esse tempo, presa alguma.- As lanchas do navio de 'S.M.B. Pamona' ao comando do Capitão Lobb tomarão a 5 de Novembro e 1805, junto do porto de Guardia o corsário Espanhol 'Golondrina', lugre de 4 peças de artilharia e 29 homens a bordo, pertencente á Corunha, o qual andara fora havia 6 semanas, sem ter feito presa alguma. Na abordagem que se lhe deu, teve o inimigo 2 homens feridos. O Capitão Lobb mandou depois pôr fogo ao dito corsário.- O Capitão Johnstone, comandante da chalupa de 'S. M. B. Curieux', tomou a 25 de Novembro de 1805, 13 léguas ao Oeste do Cabo Seleiro, o corsário Espanhol 'Brilliano', lugre de 5 peças de artilharia e com 35 homens a bordo, ao comando de D. José Advis. Tinha saído de Carril havia cinco dias, e tomado, dois dias antes de cair em nosso poder, o bergantim Inglês 'Maria de Lynn' que ia com carvão para Lisboa, e o bergantim 'Ninfa', que ia de Terra Nova com bacalhau para Viana. O Almirantado recebeu notícia a 25 de Dezembro de 1805, de haverem, as fragatas 'Loira' e 'Alcmena' encontrado a Esquadra de Rochefort, de conserva com o Navio 'Calcutá', a 13 e 16 do corrente, e era de supor que se destinava para o Ferrol. A fragata 'Alcmena' se separou da fragata 'Loira' no dia 16 para vir comunicar esta notícia e a fragata 'Loira' continuou a observar os movimentos da esquadra inimiga. Na tarde do mesmo dia 25 publicou o almirantado o boletim seguinte:

        “Secretaria do Almirantado a 25 de Dezembro de 1805.- A 13 do corrente os navios de S. M. B. Alcmena e Loira toparão na lat. 42º long. 13º, com uma esquadra do inimigo, que corresponde á que se descreveu ter saído de Rochefort; e a 16 a tornarão a encontrar na lat. 44º 16’, long. 12º 30’, indo então no rumo E. S. E. (provavelmente para o porto de Ferrol) com vento N. E. A Loira continuou a observar a esquadra inimiga, e a fragata Alcmena voltou a Inglaterra para comunicar esta notícia. A esse tempo não levava consigo a dita esquadra pressas algumas, á excepção do navio Calcutá”.

- Ontem se recebeu no correio a este respeito a notícia seguinte:

        “A (?) deste mês se avistou uma esquadra Francesa de 4 Naus de Linha na lat. 47º 15’, long. 10º 30’, indo no rumo O., e nesse dia atacou ela 2 navios de guerra ingleses, que levavam debaixo de seu comboio 17 embarcações mercantes e de transporte: as particularidades deste ataque ainda não se sabem. A fragata Alcmena chegou a Plymouth a 24 de Dezembro de 1805, com uma notícia semelhante, senão quando o Almirante Cornwallis se fez á vela com 4 Naus de Linha no rumo O., em busca do inimigo”.

- Supõe-se que a Esquadra Francesa mencionada é a Esquadra de Rochefort, e o comboio Inglês, a que ela deu caça é o que saiu de Cork a 12 do corrente mês destinado para as Índias Ocidentais, composto por 22 embarcações mercantes, debaixo dos navios de guerra de 'S.M.B. Arethusa', 'Boadicea' e 'Wasp'.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sábado 18 de Janeiro de 1806

Londres

      A 10 de Dezembro de 1805, partiu das Dumas uma expedição, que se dizia ser destinada para o rio Ems. Pela ventania porém que então reinava, e ter gelado de repente, era de recear que se impossibilitasse o desembarque das tropas. Agora consta que a expedição sofreu um grande temporal, e que mais de 500 cavalos se perderam nos navios de transporte sobre a costa inimiga.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira, 21 de Janeiro de 1806

      

Grã-Bretanha continuação das notícias de Londres de 28 de Dezembro de 1805

        Havendo o Vice-Almirante Roberto Calder requerido ao Almirantado que se procedesse a um concelho de guerra para examinar o seu comportamento no comando da Esquadra de S.M.B. no combate que teve com as esquadras combinadas de Espanha e França a 23 de Julho de 1805, e o modo com posteriormente se ouve até que fim perdeu de vista os navios do inimigo, e por não ter feito os seus maiores esforços para renovar a peleja, e tomar ou destruir todos navios inimigos, conforme o seu dever; e isso para atalhar o efeito dos boatos mal fundados que circulavam contra o seu crédito: na manhã de 23 deste mês se pôs sinal a bordo na Nau de Linha 'Príncipe de Gales' para começar o dito conselho, composto do Vice-Almirante Montagu, como presidente do concelho, dos Vice-Almirantes Holloway e Rowley, dos Contra-Almirantes Thornborough, Sutton e Coffin e dos Capitães Oliver, Atholwood, Capel, Bisset, Irwin, Senter e Larmour. Durarão por 4 dias as deliberações deste Conselho, estando presente o réu e a 26 deste mês proferi-o ele a sentença seguinte:

        “Em consequência da carta do Almirante Roberto Calder ao Almirantado, por onde requeria que se averiguasse o seu comportamento a 23 e 24 de Julho próximo passado; depois dos combates que teve com as esquadras combinadas de França e Espanha, e enquanto avistou o inimigo: e em consequência das ordens dadas a este respeito ao Almirante Montagu, a fim de celebrar um conselho de guerra para examinar o comportamento do sobredito Almirante Roberto Calder nos referidos dia, e processa-lo por não ter feito os seus maiores esforços para tomar ou destruir todos os navios do inimigo, em cujo empenho estava obrigado a entrar: procedeu o concelho no mencionado exame, e, depois ter devidamente considerado o comportamento do sobredito Almirante Roberto Calder, ouvido todas as provas a este respeito, e deliberado sobre elas, e de parecer que as culpas atribuídas ao comportamento do sobredito Almirante Roberto Calder, nos dias mencionados, em presença do inimigo, por não ter feito os seus maiores esforços para tomar e destruir todos os navios das esquadras combinadas, em cujo empenho estava obrigado a entrar, ficam plenamente aprovados. Outro sim e o conselho de parecer que um tal comportamento da parte do sobredito Almirante Roberto Calder não procedeu de medo ou cobardia, mas sim de ter ajuizado mal, por cujo motivo merece ele ser repreendido severamente; e nesta conformidade o é pela presente”       

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira 21 de Janeiro de 1806

        A Esquadra Russiana comandada pelo Almirante Seniavin que se achava em Spithead, partiu dali para o Mediterrâneo; e Corfu é o primeiro porto que deve arribar.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sexta-feira 24 de Janeiro de 1806

Bolonha 20 de Dezembro de 1805

        A segunda expedição Inglesa, que saiu das Dumas a 10 deste mês, sofreu um grande temporal; pois várias das suas embarcações tiveram de cair sobre a nossa costa, e não se salvaram mais que duas. São estas o bergantim 'Jenny', a bordo do qual se achavam 4 oficiais, 112 soldados, 12 mulheres, 6 crianças e 11 marinheiros; e o navio 'Ariane', de 400 toneladas e com 16 peças de artilharia, com 26 homens de equipagem, 13 oficiais, inclusos 1 Coronel, 1 Tenente-coronel, 300 soldados, 20 mulheres e 12 crianças. De Calais se viu perecer no mar o bergantim 'Ashlante' de 340 toneladas, e 12 peças de artilharia, com 28 soldados de cavalaria, 34 cavalos &c: só escaparão ao naufrágio numa lancha 2 marinheiros.  Outro navio de 500 toneladas pereceu também á vista de Calais. As pessoas que escaparão ao naufrágio e os prisioneiros dizem que o comboio de que se trata foi dispersado por uma forte tempestade, e que de 60 embarcações, que o compunham, se perderam muitas sobre a costa da Flandres, ia com tropas para o Weser.






quinta-feira, junho 27, 2013

Editais e Noticias 1806 - II



Editais e Noticias – Fevereiro de 1806


Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 1 de Fevereiro de 1806.


   

        Em Resolução de 24 de Outubro de 1805, foi o Príncipe Regente Nosso Senhor servido graduar em 2º Tenente da Armada Real a Venceslau Anselmo Soares, Cirurgião extraordinário da mesma Armada.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 7 de Fevereiro de 1806.

França–Paris 9 de Janeiro de 1806

        Anunciam os nossos Diários que a Esquadra de Rochefort, que à pouco voltou aos nossos portos, partira da Ilha de Aix á 161 dias. Andou no mar 148 dias consecutivos; e fez ao inimigo as prezas seguintes: a corveta 'Ranger', de 26 peças de artilharia e 121 homens d’equipagem: as três embarcações mercantes 'Maryland', indo de Guernsey para a Terra Nova; o cúter de guerra 'Dove' que saíra de Plymouth para Gibraltar, e o brigue 'Febo', indo de Gibraltar para Granada, os Navios Mercantes 'São Cristóvão', 'Surinam', 'Tabago', 'Santa Helena' e 'Domerary' ião para Londres: o Navio de Linha 'Calcutá', armado em guerra, com 54 peças de artilharia; uma parte do comboio de Navios Mercantes de Inglaterra para Lisboa e o Porto: outra do comboio destinado para a costa de África; e um grande numero de embarcações sem comboio, de sorte que colheu 800 prisioneiros Ingleses. Na Esquadra vieram poucos enfermos. Sabe-se que o Almirante Linois, chegou com a sua Divisão ao Cabo da Boa Esperança, a tempo de antecipar-se á expedição que ultimamente saio para ali dos portos de Inglaterra.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 14 de Fevereiro de 1806.

   
      
                
Grã-Bretanha–Londres 22 de Janeiro de 1806

        Ontem se tornou a abrir o Parlamento por Comissão do Rei, e os Pares, a quem fora dada, dirigirão a ambas as Câmaras o discurso seguinte:

        “Mylords e senhores. Conforme a autoridade que nos dá a Comissão do Rei sob o Selo Grande, entre outras coisas, para declarar a causa por que se convoca este Parlamento, ordena-nos Sua Majestade que fixemos em particular á vossa atenção sobre o sucesso o mais decisivo com que a Providencia se designou a abençoar as armas de Sua Majestade por mar, desde que ultimamente estiveram congregados em Parlamento. A actividade e perseverança das Armadas de Sua Majestade se têm evidentemente dado a conhecer no alcance e ataque das diferentes Esquadras do inimigo, havendo todo o encontro terminado em honra da bandeira Britânica, e diminuição da força naval das Potências com quem Sua Majestade se acha em guerra. A vitória porém obtida da Esquadra combinada de França e Espanha na altura do cabo Trafalgar tem manifestado, mais que proeza alguma referida ainda mesmo nos Anais da Marinha Britânica, a perícia e espirito empreendedor dos Oficiais e gente do mar de Sua Majestade; e a destruição de uma tão grande parte da força naval do inimigo não só confirma, pelo modo mais assinalado, a superioridade deste País, mas contribua essencialmente para a seguridade dos Domínios de Sua Majestade. S. M. sente sumamente que o dia daquele memorável triunfo se houvesse por desgraça toldada com a morte do heróico Chefe debaixo de cujo comando se consegui-o; e está persuadido de que conhecereis que este lamentável mas glorioso fim, numa série de transcendentes proezas pede uma distinta significação do permanente reconhecimento da pátria; e que portanto concorrereis de boa vontade para habilitado a juntar àquelas honras, que conferi-o á família do defunto Lord Visconde Nelson, uma mostra da munificência nacional, que posa conservar até á mais remota posteridade a memória de seu nome e serviços, e o bem proveniente do seu grande exemplo. S. M. nos ordena outrossim que vos informemos que, enquanto se firmou e manteve tão uniformemente a superioridade das suas armas por mar, não deixou de fazer as suas diligências por aplicar os meios, que tão liberalmente estavam postos á sua disposição, em subsídio daquelas Potências do Continente que se mostravam determinadas a resistir às formidáveis e progressivas usurpações da França. S. M. deu ordem para que se ponham na vossa presença os diversos Tratados ajustados para este fim; e posto que não possa deixar de sentir muito que os acontecimentos da guerra em Alemanha tenham frustrado as suas esperanças, e conduzido a um êxito desfavorável, todavia tem S. M. uma confiança de que, examinados que sejam os passos que tem dado, sereis da opinião que nada tem ficado por fazer da sua parte para esteirar os esforços dos seus aliados, e que tem procedido bem conformemente aos princípios que declarou seguir, e que o Parlamento reconheceu por essenciais, assim para os interesses e seguridade dos domínios de Sua Majestade como a segurança geral do Continente. Serve a Sua Majestade uma grande consolação, consolação em que está persuadido que tereis parte, o considerar que posto que o Imperador da Alemanha se visse obrigado a separar-se da contenda, continua S. M. a receber de seu augusto aliado o Imperador da Rússia as mais fortes seguranças, de uma inalterável aderência aquela generosa e iluminada política de que até aqui tem sido levado; e S. M. não duvida de que fiqueis inteiramente capacitados das importantes vantagens que devem provir do conservar em todo o tempo a mais estreita e intima conexão com aquele Soberano. Senhores da Camara dos Comuns Sua Majestade, deu ordem para que se ponha na vossa presença o mapa das despesas do ano, e ordena-nos que vos asseguremos que elas são calculadas segundo aquela proporção de esforço que o estado actual do país torna indispensável. S. M. espera confiadamente que lhe concedeis os subsídios, que, por uma devida deliberação, se mostrar que pedem as exigências públicas. S. M. deseja sinceramente contribuir, por todos os meios que estão em seu poder, para aliviar os encargos que necessariamente se devem impor ao seu povo, e que este intuito mandou que a soma de um milhão esterlino, que é parte do produto da venda daquelas presas feitas às Potências com quem se acha em guerra, e que pela lei pertence á coroa, se aplique para o serviço público do ano.

        Mylords e senhores, Sua Majestade está inteiramente persuadido de que qual for a ufania e confiança, que tenhais em comum com o Soberano, no sucesso que tem distinguido as armas Britânicas, no curso da presente contenda, ficareis capacitados do quanto os acontecimentos da guerra no Continente, por onde tão infelizmente se tem entendido o predominante poder e influência da França, pedem a continuação de toda a vigilância e esforço. Nesta persuasão, espera S. M. que a vossa atenção se dirija invariavelmente ao melhoramento daqueles meios que se acham no valor e disciplina das suas forças, no zelo e lealdade de todas as classes dos seus vassalos e nos inexauríveis recursos dos seus domínios, para tornar o Império Britânico tão invencível de dentro, como formidável de fora; estando na convicção de que só por tais esforços é que a contenda pode vir a ter um fim compatível com a seguridade e independência do país, e com a figura que ele faz entre as Nações do Mundo”.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 18 de Fevereiro de 1806.

França–Paris 22 de Janeiro de 1806

        O Ministro da Marinha fez saber aos Comandantes dos Navios de Sua Majestade Imperial, e aos Capitães dos corsários Franceses, que em virtude da ratificação do Tratado de paz concluído em Presburgo, se abstenham de todo o acto de hostilidade contra as embarcações Austríacas, as quais serão recebidas em todos os portos da França como antes do rompimento da guerra.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 21 de Fevereiro de 1806.

Grã-Bretanha – Londres 30 de Janeiro de 1806

        A 9 deste mês é que se procedeu aqui ao enterro do Almirante Lord Nelson, cujo corpo, depois de ter sido transportado no dia precedente do Hospital de Greenwich para Whitehall Stairs, e consecutivamente para o Almirantado, foi dali conduzido á Catedral de São Paulo com a maior pompa fúnebre que se tem visto neste reino; pois o acompanharam á sepultura mais de três mil pessoas de todas as classes da nação Britânica, inclusos os Príncipes da Casa Real, havendo este espectáculo excitado a curiosidade de todos os moradores de Londres.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 28 de Fevereiro de 1806.

            
      
Grã-Bretanha–Londres 30 de Janeiro de 1806

        O Almirantado publicou com data de 9 deste mês a notícia seguinte:

        "A 25 do mês passado topou o Almirante Duckworth com uma esquadra Francesa composta de 6 naus de linha e 1 fragata, na lat. 31º Long. 20º, e lhe deu caça até á lat. 28º47’ long. 19º37’, senão quando por ser ela muito mais veleira, a perdeu de vista: a esse tempo o seu próprio navio a nau de linha 'Soberbo' ficava a 6 milhas do navio inimigo que ia mais a ré, e já não avistava ele pela popa 3 dos seus próprios navios. A caça continuou por 31 horas. Pela fragata 'Amethysta', destacada da esquadra do sobredito Almirante, se recebeu em Plymouth a notícia de que os navios do Inimigo avistados a 25 de Dezembro ao pé de Tenerife, eram uma divisão da esquadra Francesa de Brest; e que o Almirante Duckworth os haveria alcançado, a não se ter detido á espera dos navios (naus de linha) 'Donnegal', 'Canopus' e 'Powerful', que por serem ronceiros lhe ficaram a 25 milhas pela popa. Supõem-se que vão às Índias Ocidentais os referidos navios do inimigo, cuja pintura era como a das nossas naus de guerra, e pareciam ir cheios de tropas. O Almirante Duckworth vai em seu alcance do melhor modo que lhe é possível."

        A 28 de Janeiro, tratando-se em ambas as Câmaras do Parlamento das últimas vitórias navais, resolveu-se unanimemente que se dessem os agradecimentos do Parlamento aos Lords Collingwood e Northesk, como também ao cavaleiro Strachan e aos Oficiais, gente de mar e tropas de marinha, que tiveram parte das memoráveis batalhas dos Cabos Trafalgar e Ortegal. Na mesma ocasião se assentou uniformemente em dirigir uma representação a S. M. para que se dignasse de mandar que na Catedral de São Paulo, de Londres, se erigisse um monumento á memória do defunto Almirante Visconde Nelson, que perdeu a vida ao tempo que se alcançava a mais gloriosa e decisiva vitória das esquadras combinadas de França e Espanha, por efeito da sua grande perícia e valor, a 21 de Outubro, na altura do Cabo Trafalgar. A fragata 'Narciso', que partiu de Irlanda com a expedição comandada pelo Cavaleiro Home Popham, esteve em Santa Helena, e tornou dali a fazer-se á vela para se reunir com o dito Chefe, cuja destinação se supunha ser contra o Cabo da Boa Esperança. Por um navio Americano, que topou com o comboio na altura do Cabo, consta que o Almirante Francês Linois a bordo da nau de linha 'Marengo', se conserva com a nau de linha 'Bellopoule', cruzava entre o Cabo e Santa Helena á espera do comboio. Por tanto se conjecturava que o navio 'Weymouth', com outros dois destinados para a Índia, partirão para o Rio de Janeiro, depois de se separarem dos denominados navios 'Bearing' e 'Early Castle'. A nau da Índia 'Brunswick', que foi apresada por Linois, e a fragata de guerra Francesa 'Atlântico', segundo a voz que corre, naufragarão sobre a costa do Cabo da Boa Esperança.
     
      



quarta-feira, junho 26, 2013

Editais e Noticias 1806 - III


Editais e Noticias – Março de 1806


Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 1 de Março de 1806

   
    


Itália-Milão 18 de Janeiro de 1806


        Pelas ultimas notícias do Adriático consta que de Dezembro para cá tem perecido naquele mar ao menos 70 embarcações, cujo maior número pertencia á Rússia, e fazia parte de vários comboios destinados para os portos de Nápoles: as demais eram Austríacas, Napolitanas, e Ragusanas. Todas ou quase todas se submergiam com quanto tinham a bordo, á vista das costas da Dalmácia, sem que fosse possível dar-lhes socorro algum. Só um pequeno número destas embarcações entrou em Ragusa levado do temporal; mas os cascos se achavam em um estado lastimoso, e meio mortas todas as pessoas que traziam a bordo. A gente de mar mais idosa não se lembra de ter mais visto no Adriático tempestades tão contínuas e violentas.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 4 de Março de 1806

Alemanha–Hamburgo 20 de Janeiro de 1806

        À boca do Elba acabam de chegar 9 navios de guerra Ingleses, a Cuxhaven 20 embarcações de transporte, da mesma nação: nelas se devem embarcar de novo as tropas comandadas pelo Lord Cathcart.- O Lord Harrowby e Mr. Hammond passarão por aqui ao voltar de Berlim, e vão para Gluckstadt, em cujo porto os espera a fragata ‘Hore’ para conduzi-los a Inglaterra.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 7 de Março de 1806.

Grã-Bretanha–Londres 13 de Fevereiro de 1806

        Anunciam os nossos Papeis Públicos que o Governo, ao que parece, deve ter grande fundamento para pensar que a expedição comandada pelo Cavaleiro Baird se apoderou do Cabo da Boa Esperança. Sabe-se que 3 navios de transporte carregados de mantimentos partirão de Portsmouth para aquela colónia. As citadas folhas anunciarão à algum tempo que a dita expedição havia de atacar primeiro alguma parte da América Espanhola; parece porém que esta notícia é destituída de qualquer fundamento. Segundo os últimos despachos do Lord Collingwood, a sua esquadra, dividida em dois destacamentos, cruzava na altura de Cádis e Cartagena. As quatro presas Espanholas se ião reparando a toda a pressa para serem enviadas a Inglaterra. Por carta datada na altura de Cádis a bordo da nau de linha ‘Rainha’ a 8 do mês passado, participou o sobredito Lord ao Almirantado haverem as embarcações do seu comando desde 17 de Novembro até 31 de Dezembro tomado 15 navios mercantes Espanhóis e Franceses.- O Almirantado fez público que a lancha artilheira ‘Bruizer’, comandada pelo Tenente Smithies, a 29 do mês passado, depois de uma caça de 7 horas, tomou o corsário Francês ‘l’Impromptu’, de 15 peças de artilharia, mas só com 2 montadas, e 50 homens, comandado por Jacques Sauvage, pertencente ao porto de Bolonha: e havido pelo mais veleiro que dali tem saído.- O bergantim artilheiro ‘Growler’, comandado pelo Tenente Nesbitt, tomou a 28 de Janeiro o corsário de S. Malo, ‘Voltigeur’, lugre de 14 peças, mas só tinha a bordo 6 peças do calibre 9, e 66 homens a bordo.- O bergantim artilheiro ‘Attack’, comandado pelo Tenente Swain, tomou no mesmo dia 28 outro corsário de S. Malo, denominado ‘le Sorcier’, de 14 peças de artilharia, 10 das quais tinha lançado ao mar durante a caça que se lhe deu.- O Capitão Broke, do navio de 'S.M. Druid’, tomou a 6 do corrente, depois de uma caça de 90 milhas, o corsário Francês o ‘Príncipe Murat’, de 18 peças de artilharia do calibre 6, e 127 homens a bordo, comandado por Mr. Rine Murin, o qual tinha saído do porto d’Oriente havia 5 dias. O Almirante conde de São Vicente deve alçar a sua bandeira para a semana que vem, e sair ao mar, a fim de tomar o comando da esquadra do Canal, em lugar do Almirante Cornwallis, que é aqui chamado. O Almirante Duckworth está nomeado por segundo Comandante da mesma esquadra.- O Almirante Douglas está para sair de Portsmouth a uma empresa particular com uma esquadra composta de 5 naus de linha e várias fragatas.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 11 de Março de 1806.

Itália–Génova 5 de Fevereiro de 1806

        Aqui corre voz de que a esquadra de Brest possa ter entrado no porto de Cartagena. Sabe-se que S. M. Católica manda aprontar com a maior celeridade 40 naus de linha, e que neste grande armamento se acham empregados todos os obreiros necessários para o dito fim.

Grã-Bretanha–Londres 13 de Fevereiro de 1806

        Aqui consta que em Bolonha se vão renovando com vigor os preparativos para a invasão deste país, pois tanto ali, como no porto de Brest tornam a reunir-se as tropas. Dizem que o governo Francês passou ordens para que os navais, e a construção de naus de linha prossigam agora com reduplicado vigor. De Rotterdam escrevem que os preparos para tornar a empreender a expedição contra a Inglaterra se vão executando com actividade; e que também se deu ordem para que se não hajam de fretar mais navios para os portos Britânicos.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 11 de Março de 1806.


      
      
      
Estados Unidos da América–Washington 5 de Dezembro de 1805

        Este ano se tem visto as nossas costas infestadas por navios que cruzam estes mares sem patente de corso, e por outros que as traziam legais na aparência, e têm cometido as piratarias mais violentas; pois roubam as embarcações, e, por temerem o exame dos Tribunais, as têm metido a pique depois de lhes tomarem as carregações; e até têm roubado a nossa gente marítima, deixando-a nua e abandonada em meio dos mares em uns barquinhos indefesos. Tenho julgado ser da minha obrigação o mandar construir navios de guerra para livrar o nosso comércio de tais insultos e violências.- O sistema seguido por uma das potências beligerantes de bloquear os nossos portos, e observar a nossas costas, sob pretexto de andar em busca de inimigos seus, tem sido muito opressivo e tirânico, visto haver entorpecido o nosso comércio, e ter causado prejuízos gravíssimos. Estas vexações insuportáveis procedem de um sistema novo, que não devemos consentir que subsista.- Em virtude de diferentes resoluções anteriores do Congresso havemos feito provisão dos materiais necessários para construir navios de guerra de 74 peças de artilharia. Tudo está pronto, e só falta para este efeito a decisão do Poder Legislativo.- Também faremos presente ao Congresso a questão se deverá proibir imediatamente a exportação de provisões e munições de guerra. Por todos os navios que chegam aos nossos portos se recebem notícias positivas do mau tratamento que encontram nos Ingleses a nossa gente de mar e os nossos comerciantes.

Grã-Bretanha–Londres 27 de Fevereiro de 1806

        Aqui corre voz de que a expedição comandada pelos Cavaleiros Baird e Popham Chegou ao Rio da Prata, e se fez senhora de Buenos Aires. Esta voz tem só por fundamento uma carta de Liverpool de 15 do corrente, em que se refere ter ali chegado da Barbada o Capitão Lewros, do navio ‘Venerável’, o qual conta que no dia da sua partida foi a bordo do seu navio o Tenente da nau de linha ‘Northumberland’, e lhe participou que o Almirante Cochrane tinha recebido notícia de haver o Cavaleiro Popham tomado posse do Rio da Prata.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 15 de Março de 1806.

Grã-Bretanha–Londres 27 de Fevereiro de 1806

        Já voltaram a este país todas as tropas Britânicas que estiveram ultimamente no Norte da Alemanha.- Assenta-se geralmente que uma das medidas determinadas pela nova Junta do Almirantado é o bloquear estreitamente todos os portos do inimigo.

Espanha–Madrid 4 de Março de 1806

        Por Oficio de 8 de Novembro próximo passado participou o Marquês de Sobremonte, Vice-Rei das províncias do Rio da Prata, ao Generalíssimo Príncipe da Paz, que a fragata Espanhola o ‘Dromedário’, armada em corso, apresou a 20 de Setembro precedente na baía de Luango, na costa da Guiné, três fragatas inglesas armadas em corso, uma das quais, denominada ‘Zara’, de 20 peças, chegou a Montevideu na tarde de 6 de Novembro; e que com estas três embarcações eram já 8 fragatas Inglesas apresadas com um bergantim pelos nossos navios ‘Dromedário’ e ‘Dores’ num espaço de um mês, chegando o número de negros que continham a mil, além de alguns outros efeitos.

Lisboa–15 de Março de 1806

        Por Decreto de 4 de Fevereiro de 1806, foi nomeado Governador da Capitania de Rio Negro, o Capitão-de-fragata José Joaquim Vitório da Costa, actual Intendente da Marinha do Pará: e pelo mesmo Decreto foi provido no dito emprego de Intendente, o Primeiro-tenente da armada Real Alexandre de Sousa Malheiro de Menezes, sendo confirmado igualmente no posto de Capitão Tenente, que lhe tinha sido conferido a 9 de Março de 1801 por Donald Campbell, quando comandava a Esquadra da América.        


      


    


      



Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 18 de Março de 1806.

Alemanha–Hamburgo 8 de Fevereiro de 1806

        Em data de 22 do mês passado escrevem de Petersburgo que o Imperador da Rússia concedeu licença a um negociante de Arcangel para fretar duas embarcações, e envia-las com produções Russianas á América Setentrional, livres de direitos de exportação, com tanto á sua volta hajam de fazer quarentena em Christiansand, onde poderão igualmente entrar livres de direitos de importação. As mesmas cartas dizem que S. M. Imperador intenta fazer uma viagem a Moscovo.- As cartas de Filadélfia do I.º de Dezembro próximo passado referem que no dia precedente (30 de Novembro de 1805), entrou naquele porto um navio Russiano, I.º desta nação que aparece na Republica Americana.

Grã-Bretanha–Londres 27 de Fevereiro de 1806

        O Almirantado publicou a 18 do corrente mês que o Capitão Macdonnell, do navio de ‘S.M. Baccante’´ tomou nos mares da Jamaica a 18 de Novembro próximo passado o corsário Espanhol, ‘Dous Azares’, de 36 homens, armado com 2 peças de calibre de 3, e bem preparada para a abordagem: tinha saído de Cuba havia 4 dias. Três homens da sua equipagem ficaram gravemente feridos na caça que lhe deu.- O Capitão Coghtan, da chalupa de ‘S.M. Renard’, tomou a 11 do mesmo mês ao Norte de São Domingos, o corsário Francês ‘Bellona’, de 4 peças e 50 homens, que tinha saído de Barracona havia 7 dias, e tomado um bergantim Americano. O dito corsário, que fora fabricado não havia mais que 4 meses, e havido pelo mais veleiro que tem saído de Cuba. Anunciam os nossos Diários que o Governo Francês não tem abandonado o seu desígnio de fazer com que se fechem aos Ingleses todos os portos desde a extremidade da Itália até o Báltico. Dizem que algumas representações se têm feito sobre este ponto à Corte de Berlim, mas de balde; e que igualmente se tem feito as maiores diligências por induzir a Dinamarca a que feche o Sund ao navios mercantes Britânicos; mas que á grande fundamento para crer que serão infrutuosas as tentativas da França a este respeito.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 18 de Março de 1806.





Estados Unidos da América–Washington 6 de Janeiro de 1806

        A 3 e 4 deste mês correu voz que o Congresso deliberava secretamente sobre alguma importante noticia que tinha recebido de Espanha, que alguns qualificavam de ajuste de todas as diferenças entre a Corte de Madrid e o Governo da Republica Americana. Também se disse que a sessão do Congresso às portas fechadas era relativa às infracções dos seus direitos cometidos pelos Ingleses, tomando-lhes a sua gente de mar para servir na Marinha Britânica.- Consecutivamente deu parte á Câmara o seu Orador, que ele tinha recebido de New York, uma carta de David Ramsey, em que este se queixava de ter sido preso ao pé da Barbada, e o seu passaporte rasgado por uma embarcação Inglesa denominada a ‘Amelia’; e requeria que o Congresso houvesse de dar remédio a um tal procedimento. Esta queixa foi remetida ao Secretário de Estado.- Mr. Clinton apresentou então á Câmara um Memorial dos Negociantes da cidade de New York em que se queixavam do sentido em que as Potências Beligerantes tomavam os direitos dos povos neutrais, do dano e interrupção que sofria o comércio, das pilhagens e insultos feitos à nossa bandeira sobre as nossas costas, e das piratearias cometidas contra os nossos navios nas Índias Ocidentais; e pedia que se concedesse protecção ao comércio, fazendo sair ao mar embarcações armadas, e que os nossos portos se pusessem em estado de defesa. Este Memorial ficou submetido ao exame de uma Deputação composta de toda a Câmara.- Logo depois falou Mr. Crowninshield, notando que por uma resolução da Câmara tomada durante a última sessão do Congresso, se mandou formar uma lista de marinheiros Americanos presos para o serviço Britânico: que desde então o mal tinha ido em grande aumento, de sorte que agora era de crer que 2500 a 3000 Americanos se viam obrigados a servir na marinha Britânica, sendo que se faziam precisos ao seu próprio país: que se acabava de ler uma carta em que um dos nossos cidadãos se queixava de ter sido preso para aquele serviço um filho seu: que a Grã-Bretanha não tinha direito algum para assim proceder; e que era tempo de por termo a tais insultos. Portanto propôs o citado Vogal:

        “que se houvesse de ordenar ao Secretário de Estado que apresentasse á Câmara um mapa dos marinheiros Americanos presos pelos navios de guerra ou corsários da Grã-Bretanha, com os nomes das embarcações de que foram tirados; como também uma lista de todos os passageiros tirados das mesmas embarcações, ao vir para os Estados Unidos, com uma exposição de quaisquer factos a isso relativos”.

        Esta proposta foi unanimemente adoptada.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 22 de Março de 1806.

Itália–Génova 23 de Fevereiro de 1806

        O Comissario das relações comerciais do Império Francês em Tunes, Mr. Devoize, por carta dali escrita na data de 4 do mês passado, e comunicada á Câmara do Comercio pelo Chefe da Administração Marítima, participou que o Bei daquela Regência reconheceu finalmente a reunião da Republica de Génova aos Estados da França. Diferiu ele, o resolver-se a isso sob pretexto de se lhe não haver noticiado a dita reunião com a mesma somnidade com que o fora em Argel, onde se dera liberdade a todos cativos Genoveses, sendo que em Tunes ficavam em cativeiro 50 pessoas da mesma nação. O Chefe Tunesino deu pois as ordens mais terminantes aos Capitães dos seus corsários para se absterem de toda hostilidade com qualquer embarcação debaixo da bandeira Francesa, ainda quando toda a sua equipagem se componha de Genoveses; e ao mesmo tempo pôs em liberdade um marinheiro, que ficara só a bordo de uma tartana, que o resto da equipagem tinha abandonado para salvar-se na lancha, e mais 4 Genoveses que foram cativados havia pouco tempo, mandando-lhes igualmente restituir tudo o que lhes pertencia. Mr. Devoize, lhe assegurou que todo o armamento ou embarcação mercante com bandeira Tunisina seria admitida nos portos de Génova, e os súbditos daquela Regência poderiam assim nos ditos portos como os demais da França fazer o seu comércio com toda a seguridade.

França–Paris 22 de Fevereiro de 1806

        Aqui consta por Gazetas Americanas de 8 do mês passado que os Holandeses se apoderarão da pequena Ilha de Orúa, que fica 42 milhas ao Oeste de Couraçáo.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 25 de Março de 1806.


      

Estados Unidos da América–Washington 17 de Janeiro de 1806

        O Presidente dos Estados Unidos dirigiu hoje ao Congresso, a respeito da violação dos direitos das Potências neutras, pilhagem do comércio colonial e prisão dos marinheiros Americanos, o recado seguinte:

        “No recado que dirigi a ambas as Câmaras do Congresso na abertura da presente sessão, submeti à sua consideração, entre outros objectos, a opressão do nosso comércio e navegação por efeito do irregular procedimento de embarcações armadas, assim públicas e particulares, e da introdução de novos princípios, que derrogam os direitos das potências neutrais, e que não estão reconhecidos pelo uso das Nações.- Já se acham presentes nos Memoriais de vários Corpos de Negociantes dos Estados Unidos, os quais manifestaram os ditos princípios e procedimentos, que vão produzindo os mais ruinosos efeitos contra o nosso legítimo comércio e navegação.- O direito que tem uma Potência neutral de manter com todas as partes dos domínios de uma Potência beligerante uma comunicação, permitida pelas leis do país (à excepção dos portos bloqueados, e do contrabando de guerra) se julgava estar decidido, entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, pela sentença dos seus comissários reciprocamente nomeados para decidir essa e outras questões de diferença entre as duas Nações, e pelo efectivo pagamento dos danos provados pelos ditos Estados contra a Grã-Bretanha pelas infracções daquele direito. Quando pois se advertiu que os mesmos princípios se reedificavam, com outros mais novos, por onde se aumentava o mal, deram-se instruções ao Ministro Plenipotenciário dos Estados Unidos na Corte de Londres, e fez ele em termos devidos suas representações a este respeito, como consta pelos documentos com este transmitido. Às ditas representações se seguiu tão-somente uma suspensão parcial e interina do sobredito princípio, mas sem desaprova-lo de modo algum. Por tanto teve o referido Ministro ordem de instar de novo neste objecto, para reduzi-lo mais plenamente á lei da razão, e de insistir em pontos de direito sobejamente evidentes e importantes para deles ceder. Entretanto vai o mal prosseguindo por adjudicações fundadas no princípio que se nega. Nestas circunstâncias apresenta-se um objecto que pede a consideração do Congresso.- Jamais tem havido intermissão nas representações feitas por nossa parte a respeito da prisão dos nossos marinheiros. Houve por um instante esperança de um ajuste, por que se poderia ter estado; mas em breve ficou desvanecida, e o procedimento de que se trata, ainda que praticado algumas vezes com menos vigor, em mares remotos, tem prosseguido constantemente nos de nossas vizinhanças. Os fundamentos com que se tem instado nas reclamações a este respeito constarão por um extracto das instruções dadas ao nosso Ministro em Londres, que agora se comunica. = T. Jefferson = A 17 de Janeiro de 1806.

        A parte deste recado concernente à prisão de marinheiros ficou cometida ao, exame de uma Deputação de 7 Membros da Câmara dos Representantes.





Alemanha–Amesterdão 11 de Fevereiro de 1806

        Sabe-se que o Congresso dos Estados Unidos aboliu o comércio da escravatura em toda a extensão da República Americana: esta lei começará a ter vigor no I.º de Janeiro de 1808.

França–Paris 25 de Fevereiro de 1806

        Do porto de Oriente escrevem que a 3 deste mês se lançou de aquele estaleiro ao mar, um navio de guerra de 74 peças de artilharia denominado o ‘Corajoso’.


        


Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 28 de Março de 1806.

Estados Unidos da América–New York 25 de Janeiro de 1806

        O Bil para a protecção e indemnização dos marinheiros Americanos contem o seguinte:

        “ Por quanto, pelo Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, feito entre S. M. Britânica e os Estados Unidos em Londres a 19 de Novembro de 1794, fica ajustado no seu primeiro artigo: que haverá uma paz firme, inviolável e universal, e uma amizade sincera entre S. M. Britânica, seus herdeiros e sucessores, e os Estados Unidos da América; e entre os seus respectivos países, territórios, cidades, vilas e povo de todas as classes, sem excepção de pessoas e lugares. E por quanto em directa violação do dito tratado, S. M. Britânica tem ordenado que dos navios dos Estados Unidos, que navegam em alto mar, sejam tirados e presos diversos cidadãos dos ditos Estados Unidos, compelidos a que sirvam a bordo dos navios de guerra da Marinha Britânica, em violação da sua liberdade, e em risco de perderem a sua vida; e como, apesar das representações do Governo dos Estados Unidos, continua o injusto procedimento referido, e os marinheiros dos Estados Unidos, assim presos á força, ficam no serviço de Sua dita Majestade; sendo que os Estados Unidos estão somente obrigados a proteger todos aqueles que se acham ligados por juramento aos ditos Estados Unidos; portanto, fique estabelecido, pelo Senado e Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América juntos em Congresso, que a contar do dia … toda a pessoa ou pessoas, que prenderem algum marinheiro a bordo da embarcação com bandeira dos Estados Unidos, em alto mar, ou em qualquer rio, enseada ou baía, sob pretexto de ter para isso, comissão de qualquer Potência estrangeira, serão havidos por piratas e culpados de crime capital, e, provado o caso, punidos á morte.- Outrossim fique estabelecido que será licito a qualquer marinheiro Americano, que navegar debaixo da bandeira dos Estados Unidos, ou a qualquer pessoa ou pessoas que virem que se tenta prendê-lo e leva-lo á força de bordo de qualquer embarcação dos Estados Unidos, em alto mar, ou em qualquer rio, enseada ou baía, o repelir uma tal força, atirando com arma de fogo, ou de outro modo matando e destruindo a pessoa ou pessoas que assim tentarem prende-lo; e como instigação a fazer resistência, terá direito a receber um prémio de 200 patacas, que lhe será pago ou a quem o representar legalmente, pelo tesouro com dinheiro que não tenha outro destino.- Igualmente fique estabelecido, que, informado que seja o Presidente dos Estados Unidos de modo que e aprove à sua satisfação que qualquer cidadão dos ditos Estados, que tiver preso, ou constrangido por violência ou ameaças a passar para bordo de alguma embarcação estrangeira, sofreu pena de morte ou qualquer outra punição corporal, por autoridade de tal Potência estrangeira, será licito ao dito Presidente fazer com que da maneira mais rigorosa e exacta seja da mesma sorte punido qualquer vassalo desse Governo, e pelo presente fica autorizado para prende-lo para esse fim.- E fique demais disso estabelecido que todo o marinheiro Americano que tenha sido preso e compelido a servir a bordo de qualquer embarcação estrangeira, terá direito a receber pela injusta detenção e contratempos que sofrer a bordo do navio em que foi ou for compelido a servir, desde o dia da sua prisão, uma indemnização de 60 patacas por mês, em quanto serviu ou servir a bordo de tal navio: e que o dito marinheiro, ou seus herdeiros, testamenteiros, administradores ou procuradores terão direito a receber a mesma indemnização no tribunal do distrito do Estado em que fique o porte donde saiu ao mar a embarcação em que ele for tomado, e isso por embargo de qualquer soma que dever algum cidadão dos Estados Unidos a qualquer vassalo desse Governo, por cuja ordem foi preso; e que toda a soma de dinheiro, assim embargada em mão de qualquer devedor, servirá para pagar tanto da dita divida, quanto se requerer em pagamento ou desconto na soma assim embargada, deduzidas todas as custas do dito embargo. E que aquela parte do Tratado de Londres de 19 de Novembro de 1794, que assegura a inviolabilidade das dividas mencionadas, e que terá de ser infringida pelos embargos por este autorizados, não será havida por legalmente obrigatória (em quanto é necessário para a execução deste acto somente) da parte do Governo ou Cidadãos dos Estados Unidos”.

Grã-Bretanha–Londres 27 de Fevereiro de 1806

        Anunciam os nossos diários que o Almirante Jervis, Lord de São Vicente, vai exercer um comando que se estenderá a todos os mares da Europa.


        




terça-feira, junho 25, 2013

Editais e Noticias 1806 - IV



Editais e Noticias – Abril de 1806


Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 1 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 27 de Fevereiro de 1806

       As últimas notícias, das Gazetas dos Estados Unidos da América trouxeram notícias de grande importância.


      

       
        Os nossos Diários notam a esse respeito o seguinte:

        “Sentimos ter de observar o modo pouco prudente com que o poder legislativo da República Americana apadrinha os supostos motivos de queixa contra este país. É porem de esperar que a pluralidade da Câmara dos Representantes desaprove esta violência, ou que pelo menos assim o faça o Senado, se houver falta de moderação na Assembleia Popular.- Enquanto ao serem os marinheiros Americanos presos, pelos nossos navios de guerra, é muito possível que disso tenha havido exemplos, se bem que o facto pede melhor autoridade que os clamores de Capitães Americanos. Por outra parte, porem é notório haver muitos marinheiros ingleses, empregados agora a bordo de navios Americanos, que, reclamados que sejam, se possam representar como vassalos daquela Republica. Igualmente é bem sabido que muitos marinheiros naturais da Grã-Bretanha, por terem saído à dois anos de algum porto Americano, ou por meios ainda mais simples e compendiosos, tais como certidões falsas, estão tornados cidadãos dos Estados Unidos, e que talvez estes sejam, em muitos casos, os marinheiros Americanos que se dão por presos. Não pode haver duvida alguma de que em 19 casos de 20 presos são vassalos Britânicos por nascimento, que dolosa e falsamente se certificam ser Americanos. Concedendo porem que sujeitos naturais da América possam ter sido presos por embarcações Britânicas (acaso não é isso um agravo que se posa amigavelmente ajustar entre do dois Governos?). Por ventura é necessário que o Governo Americano, como se lhe tivesse denegado justiça e satisfação, estabeleça leis, que no seu espírito e tendência equivalham a uma legislação, que destrói os direitos e privilégios de outras nações independentes? Se o Governo Americano deve dar leis para a definição de pirataria, e também para o seu castigo, por uma forma sumária, verá no que isto pode vir a parar. A proposta feita para legislar contra um suposto agravo, e para prescrever uma nova lei municipal sobre a ofensa cometida por estrangeiros, tem visos de novidade por não dizer de espírito presunçoso; porque se o agravo é de natureza que justifica o recorrer à força, na denegação da justiça, a guerra é o remédio própria. O procedimento adoptado com efeito respira um espírito de hostilidade, sendo que parece estabelecer um novo e falso princípio de legislação. O defender-se cada um de um ataque injusto é o direito de todos; mas o animar os homens por prémios a resistir, quando provavelmente a sem razão está da sua parte, ou ao menos quando lhes é franco o recorrer legalmente à justiça, e um procedimento sumamente extraordinário. Um Capitão de uma fragata Inglesa pode ser processado e justiçado como pirata, por um Tribunal dos Estados Unidos, por querer tornar a haver de bordo de um barco de pescaria Americano um dos seus marinheiros fugitivos; e a toda a pessoa que resistir a esta tentativa se promete um prémio de 200 patacas: e se um marinheiro Americano for preso, ele e seus herdeiros &c. tem direito a cobrar 60 patacas por mês, por embargo feito nas somas devidas ao país que o prender.- O outro ponto de pilhagens cometidas por este país, e é de grande delicadeza; mas, quando é tão manifestamente do interesse de ambas as partes o vir a um ajuste amigável, é verosímil que a disputa se possa concluir por uma composição. Talvez tenham os Americanos motivo de queixar-se de que, depois do que eles entendiam como uma modificação admitida do rigor da antiga lei contra o comercio feito por nações neutras com Potencias beligerantes, fundados nos mais sãos sentidos do Direito Publico. Toda esta importante questão porém provavelmente terá de ser discutida de oficio entre os dois países; e não sofre duvida de que ao mesmo tempo que por uma parte se á de conceder uma pronta reparação por toda ofensa fundamentada, não se à de ceder nem um ápice daqueles direitos que este país tem sempre mantido e exercitado como justos para com os outros, e essenciais para a sua própria conservação”.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 4 de Abril de 1806

      

Grã-Bretanha-Londres 16 de Março de 1806

        Havendo aqui chegado na tarde de 27 do mês passado o Capitão Downmam, do navio de linha ‘Diadema’, e o Tenente-Coronel Baird, com despachos do cavaleiro Hope Popham, e do cavaleiro David Baird a quem se confiara a expedição contra o Cabo da Boa Esperança, nessa mesma tarde dirigiu o Presidente do Almirantado ao Lord Maior de Londres o aviso seguinte:

        “Secretaria do Almirantado 27 de Fevereiro de 1806. Esta tarde chegou aqui o Capitão Downmam, do navio de linha ‘Diadema’, com despachos do cavaleiro Hope Popham, datados no Cabo da Boa Esperança a 13 de Janeiro próximo passado. Pelas notícias que trouxe este Oficial consta que a Esquadra comandada pelo cavaleiro Hope Popham, chegou á altura do Cabo a 4 daquele mês; que o desembarque das tropas se efectuou a 6; e que depois de uma acção travada a 8, em que o inimigo perdeu cerca de 700 homens, e as forças de S. M. uns 240 homens entre mortos e feridos, se assinou a 10 uma capitulação, pela qual a Praça do Cabo e as suas dependências se entregarão às armas de S. M. O General Jansens, por quem eram comandadas as tropas do inimigo, se retirou com o resto da sua força, que era de 1.800 a 2.000 homens, para o interior do país.”

       Em consequência desta interessante noticia houve nessa tarde salvas de artilharia do Parque e da Torre, e às 11 horas da noite do dia seguinte saíram em um suplemento extraordinário à Gazeta da Corte os despachos mencionados. Nele se lê em primeiro lugar uma carta, dirigida ao Lord Visconde Castlereagh, e recebida na tarde de 27 de Fevereiro na secretaria de estado de Mr. Windham, da parte do Major General Sir David Baird, escrita da Praça do Cabo a 12 de Janeiro próximo passado, cuja substancia coincide com o Aviso referido; e após esta carta vem a capitulação, que se dará na Folha seguinte.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 8 de Abril de 1806




Grã-Bretanha-Londres 22 de Março de 1806

       Os nossos Diários anunciam que a 8 do corrente se despedirão 25 marinheiros Americanos de bordo da fragata ‘Cidade de Milão’, ao comando do Capitão Roberto Laurie, que voltou ultimamente de Halifax. Dizem que se passou ordem para serem despedidos de bordo dos nossos navios todos os súbditos dos Estados Unidos que neles se acham. Na manhã de 19 do corrente pela volta das 7 horas chegou de Bolonha defronte de Dover um pequeno barco de pescaria com bandeira parlamentaria Francesa, o qual foi logo abordado pela fragata ‘Vénus’: nele vinha um oficial Francês com despachos, que foram logo levados a Deal ao Almirante Holloway. Passou-se recibo pelo maço que os continha, e deu-se ordem ao barco de tornar logo para a costa de França. Estava a curiosidade dos habitantes de Deal fortemente excitada por esta circunstância, senão quando chegou ali uma galera de 10 remos, em que vinha Mr. Johnson, Comandante do lugre ‘Nilo’, acompanhado de um oficial Francês de graduação. Ao saírem em terra, foi o Oficial logo ter com o Almirante Holloway. Na tarde do mesmo dia, chegou aqui o dito Oficial, e dirigindo-se logo ao Secretário de Estado Mr. Fox lhe apresentou na sua secretaria uma carta de Mr. Talleyrand, Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, a qual dizem contem propostas de paz, que Bonaparte faz ao nosso soberano. Mr. Fox, assim que recebeu a dita carta, foi ao palácio da Rainha, e comunicou o seu conteúdo ao Rei (…) que a base prescrita para a negociação proposta se fazia em grande parte inadmissível; mas que S. M. estaria sempre pronto a tratar de paz em termos honrosos e justos (…).


      


Lisboa 8 de Abril de 1806

        S. A. R. foi servido, por decreto de 3 de Março dito, fazer mercê a José Antonio de Sousa Cardoso, Capitão das Companhias fixas da fortaleza de São João da foz do Douro, do hábito da Ordem de São Bento de Avis.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 11 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 22 de Março de 1806

       De Gibraltar se acabam de receber cartas em data de 5 do corrente, por onde consta que o General Craig desembarcou em Messina a 17 do mês passado com 8.000 homens. É pois de crer que esta força, sustida por aquela parte do Exército Napolitano, que se reunira dante mão, e pelos esforços dos Sicilianos, baste para defender a Sicília do desembarque das tropas Francesas que se acham já na Calábria, ou de outra qualquer força que contra ela se destine. Da Barbada se acabam de receber cartas em data de 20 de Janeiro, próximo passado, segundo as quais é de conjurar que a esquadra de Rochefort, ou parte da de Brest anda naqueles mares, no desígnio de dar saque às ilhas de Sotavento: a 18 do dito mês foram avistadas por uma escuna Inglesa na latitude da Martinica 5 velas estranhas, e a mesma escuna foi acossada nessa noite por um bergantim; mas conseguiu escapar-lhe. A Esquadra do Almirante Duckworth foi reforçada com os navios ‘Atlas’ e ‘Northumberland’, e a 15 de Janeiro se acha defronte da Martinica.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 12 de Abril de 1806

Turquia–Constantinopla 25 de Janeiro de 1806

       A este porto acabam de chegar do Mar Negro, com destino para as ilhas Jónicas, uma fragata Russiana, 2 bergantins e várias embarcações de transporte com algumas centenas de Cossacos, cavalos, munições e mantimentos.

Itália–Trieste 14 de Fevereiro de 1806

       O bloqueio que formam umas tantas fragatas Inglesas causa bastante prejuízo ao comércio e navegação de Trieste.

Rússia–Petersburgo 7 de Fevereiro de 1806

        Havendo-se aqui recebido de França notícia de ofício de terem sido conduzidos aos portos Franceses, vários navios comerciantes Russianos, e enviadas as equipagens para o interior do país, fez o nosso Ministério uma comunicação a este respeito a Mr. Lesseps, Comissário Geral de Relações Comerciais com a França em Petersburgo, o qual não tem deixado de residir aqui durante esta guerra. Assegura-se que se declarou oficialmente ao dito Agente Francês:

        “ (…) Que o comportamento praticado com os sobreditos navios e equipagem era directamente contrário ao Tratado de Comércio, subsistente entre Rússia e a França, e que se a França não pose-se termo a semelhantes medidas, seria forçoso usar de reciprocidade com os bens que os Franceses possam ter na Rússia”.

        Mr. Lesseps expediu um correio a Paris para transmitir a nota russiana, que lhe fora dirigida a este respeito.

      

Grã-Bretanha-Londres 25 de Março de 1806

       As armas de S. M. alcançarão uma nova batalha naval de uma das esquadras do inimigo que ultimamente conseguirão escapar da Europa. A este respeito se publicou aqui anteontem em um Suplemento extraordinário à Gazeta da Corte, por parte do Almirantado, a notícia seguinte:

        “Secretaria do Almirantado 23 de Março de 1806. Hoje pela manhã cedo chegou o Capitão Cochrane, comandante que foi da chalupa de ‘S. M. Kingsfisher’, com despachos do Vice-Almirante Duckworth, datados defronte da cidade de São Domingos a 7 e 8 do mês passado, nos quais participa que a 6 daquele mês, descobri-o uma esquadra Francesa de 5 naus de linha (uma das quais, que era de três pontes, se dominava ‘Imperial’) duas fragatas e uma corveta, sobre o ferro na baía de São Domingos; e com a esquadra do seu comando, composta de 7 naus de linha, 2 fragatas e 2 chalupas, foi logo atacá-la, e, depois de um combate de 2 horas, a deixou de toda destroçada. Caíram em nosso poder 3 naus de linha do Inimigo, e duas, inclusa a de 3 pontes, (em que tremulava a bandeira do Contra-Almirante le Seigle) foram varadas na praia onde ficarão incapazes de tornar a servir, e, depois de havermos tomado posse deles, foram queimadas. As fragatas e a corveta conseguirão escapar. Supõe-se que os mortos e feridos a bordo dos navios inimigos passarão de 1.200 homens: só um dos ditos navios perdeu 300 homens. A perda que houve em mortos e feridos dos navios de S. M. chegou a 338 homens; mas nenhum Oficial Britânico perdeu a vida. O Capitão Stopford, e o Tenente Seymur, do navio de linha ‘Northumberland’ (que foi o navio que mais sofreu na acção) ficaram feridos, aquele leve e este gravemente; o segundo porém se restabeleceu depois, e chegou no navio ‘Kingsfisher’. O Vice-Almirante Duckworth foi com as suas presas para a Jamaica. Os despachos que dele se receberão se farão amanhã públicos em um Suplemento extraordinário à Gazeta da corte”.

(Na seguinte Folha se dará o seu extracto.)

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 15 de Abril de 1806

        

Grã-Bretanha-Londres 25 de Março de 1806

        Extracto dos despachos que o Vice-Almirante João Tomás Duckworth, Comandante de uma Esquadra de S. M. dirigiu ao Almirantado pelo Capitão Cochrane. A bordo do navio de linha ‘Soberbo’ a 12 léguas a sotavento da cidade de São Domingos a 7 de Fevereiro de 1806:

        “Como considero ser da maior importância para o serviço de S. M. que o Almirantado saiba quanto antes dos movimentos da esquadra do meu comando, por não ter outra embarcação mais que o navio ‘Kingsfisher’, mando por ela a notícia do feliz acontecimento que ontem houve. Como vai com esta a minha carta de 3 do corrente, só tenho de dizer, que não perdi um só instante em tomar pelo Passo de Mona, e que na tarde de 5 do corrente se me uniu o navio ‘Magicienne’, pelo qual, conforme o que tinha ouvido de diversas embarcações com quem falara, se corroborou a notícia de andar nestes mares uma força inimiga de 10 naus de linha, com outras tantas fragatas e corvetas. Portanto continuei a aproximar-me à altura da cidade de São Domingos, havendo ordenado ao Capitão Dunn, do navio ‘Acasta’, que fosse com a ‘Magicienne’ ao comando do Capitão Mackenzie, duas horas antes do romper do dia, reconhecer os mares, senão quando às 6 da manhã fez sinal a ‘Acosta’ de haver descoberto 2 fragatas do inimigo; e antes das 7, nove embarcações sobre ferro; e meia hora depois fez outro sinal de que se dispunham para desferrar. A esquadra do meu comando partiu então unida com todo o pano, levando a minha bandeira na nau de linha ‘Soberbo’, e tão depressa me adiantei que antes das 8 horas, pude descobrir que o inimigo ia numa linha cerrada a todo o pano com vento em popa para Cabo Nisao, a barlavento da baía de Ocoa; e como a sua força só consistia em 5 naus de linha, 2 fragatas e 1 corveta (cujos os nomes depois se darão) conclui das notícias que eu tinha que o Inimigo procurava unir-se com o resto da sua força; conseguintemente dirigiu, a minha derrota de sorte que frustrasse o seu intento, o que se realizou pouco depois das 9 horas pela certeza de um combate. Fiz pois sinal á esquadra 3 quartos depois das 9 a fim de que os navios se dispusessem para a acção, e travassem com o Inimigo de tão perto como fosse possível, senão quando pouco depois das 10 caio o ‘Soberbo’ sobre a proa do ‘Alexandre’, guia do inimigo, e deu principio ao combate; como ele porém, depois de 3 bandas de artilharia, se retirasse, fez-se sinal para peleja mais cerrada, e então pudemos atacar o Almirante Francês na nau de linha ‘Imperial’ (precedentemente ‘le Vengeur’) cujo fogo havia carregado muito sobre o ‘Northumberland’, em que tremulava a bandeira do Contra-Almirante Cochrane. A esse tempo o ‘Alexandre’, pelo movimento que fizera, ficou entre a divisão de sotavento; e como o Contra-Almirante Luiz se aproveitasse por felicidade desta circunstância, tornou-se geral a acção, e prosseguiu assim com grande vigor até às 11 horas e meia; então a Capitania Francesa, muito danificada, e de todo batida, tomou para terra; e, como não distasse dela uma milha, ficou varada na costa 20 minutos antes do meio-dia, não tendo então arvorado mais que o mastro do traquete, que caiu assim que ela se rendeu: a esse tempo o ‘Soberbo’, por não se achar mais que em 17 braças de água, teve de fazer-se ao largo para evitar o mesmo perigo: passado pouco tempo porém o navio francês ‘Diomedes’ de 84 peças encalhou ao pé da sua Capitania, e então lhe caíram todos os mastros, a cujo tempo fez todos os sinais de que se rendia, se bem que o seu Comandante não correspondeu depois a eles. Às 11 horas e 50 minutos cessou o fogo; e, como se dissipasse o fumo, achei em nosso poder as naus de linha ‘Brave’, ‘Alexandre’ e ‘Júpiter’. Quando contemplo que 5 naus de linha se renderão ou ficarão aparentemente destruídas em menos de 2 horas, não posso assaz louvar os nobres e valerosos esforços dos Contra-almirantes Cochrane e Luiz, e dos Capitães, Oficiais, marinheiros e tropas de marinha debaixo do meu comando. Depois da acção, por haver na baía de São Domingos demasiado fundo para ali ancorar, foi preciso arribar com as presas a fim de reparar os danos padecidos, pôr os navios em estado de navegar, e mudar os prisioneiros, o que me levou uma grande parte desta tarde; e agora vou com o ‘Canopus’, ‘Acasta’ e ‘Magicienne’ para a altura de São Domingos, a fim de ter a certeza de que os navios ‘Imperial’ e ‘Diomedes’ ficam de todo perdidos na costa, depois do que intento passar à Jamaica.= J. T. Duckworth =.

        A linha Britânica se compunha das naus de linha ‘Soberbo’, ‘Northumberland’, ‘Spencer’ de 74 peças cada um e do ‘Agamémnon’ de 64 peças, que formavam a divisão de barlavento; e do ‘Canopus’, ‘Donnegal’ e ‘Atlas’, de 74 peças cada um, que formavam a divisão de sotavento; e das fragatas ‘Acasta’, ‘Magicienne’, ‘Kingsfisher’ e ‘Epervier’.

       A linha francesa se compunha da nau de linha ‘Alexandre’ de 84 peças, ao comando do Capitão Garreau, que teve 300 homens mortos ou feridos, e foi tomado: ‘Imperial’ de 120 peças ao comando do Contra-Almirante le Siegle, Capitão de bandeira le Pigot, o número de mortos e feridos não se sabe, mas decerto foi grande; perdido na costa: ‘Diomedes’ de 84 peças, ao comando do Capitão Henry; em quanto a mortos e feridos como o procedente; de todo perdido na costa: ‘Júpiter’ de 74 peças, ao comando do Capitão Laignel; 200 mortos e feridos; tomado; ‘Brave’ de 74 peças, ao comando do Capitão Condé; 200 mortos ou feridos; Tomado. As fragatas ‘Felicidade’ e ‘Cometa’, e a corveta ‘Diligencia’, conseguiram escapar. A perda por nossa parte foi de 74 homens mortos e 264 feridos.




Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 18 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 25 de Março de 1806

       Na Gazeta da Corte de 22 do corrente se publicou uma carta do Almirante Conde de São Vicente, Comandante em chefe da Esquadra do Canal &c. Escrita a bordo da nau de linha ‘Hibernia’ no porto de Plymouth a 19 deste mês pela qual, referindo-se à que lhe dirigira de bordo da nau ‘Egyptienne’ na altura do Cabo Finisterra a 9 de Março, o Capitão Paget, participava ao Almirantado que tendo constado a este Capitão que no porto de Muros se achava um grande corsário Francês, resolveu valer-se da primeira ocasião que tivesse de tomá-lo. Conseguintemente fez ancorar o navio de seu comando defronte daquele porto na noite de 8, e logo expediu as suas lanchas a fim de procurarem corta-lo e traze-lo dali: o que realizarão, apesar de estar ancorado perto de terra, e debaixo da protecção de duas baterias, que fizeram fogo incessantemente até que ficou fora do seu alcance o dito corsário. Depois se soube ser este o ‘Alcides de Bordéus’. Fragata que pode montar 34 peças, construída havia somente dois anos, e cuja equipagem, quando ultimamente andou no mar, era de 240 homens. A dita empresa, que tanta honra faz aos que a desempenharão, foi dirigida pelo Capitão Handfield, sustido pelos Tenentes Alleyn e Garthwaiate da tropa da Marinha &c.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 19 de Abril de 1806

Dinamarca–Copenhaga 3 do Março de 1806

        A força naval, que aqui se vai aprontando, consiste de 19 naus de linha, que são uma de 90 peças, 2 de 80 peças, 12 de 74 peças e 4 de 64 peças de artilharia; em 15 fragatas e 6 bergantins: demais disso à, 42 embarcações armadas em baterias flutuantes, lanchas artilheiras, cuters, Pramas &c. Estão bem guarnecidas de artilharia de duas baterias que defendem a nossa baia: a das ‘Três Coroas’ tem 66 peças de artilharia e 3 morteiros, e a de ‘Christiano VII’ 44 peças de artilharia e 2 morteiros.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 22 de Abril de 1806

      

Grã-Bretanha-Londres 8 de Abril de 1806:
   
        “ (…) S. M. com o parecer do seu Conselho Privado, houve por bem de ordenar, que a nenhuns navios ou embarcações pertencentes a quaisquer dos seus vassalos, seja permitir entrar em nenhum dos portos da Prússia ou sair para eles despachados, até segunda ordem: e outro sim à S. M. por bem de ordenar um embargo geral ou detenção se ponha em todos os navios e embarcações Prussianas, sejam quais forem, que agora se achem, ou que em diante entrarem em qualquer dos portos, baias ou ancoradouros que ficam dentro do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, juntamente com todas as pessoas e efeitos que se acharem a bordo dos ditos navios e embarcações; mas que se proceda com o maior cuidado enquanto à conservação de toda e qualquer dos ditos navios e embarcações, de sorte que não sofram dano ou extravio qualquer que seja. E os muito honoríficos Comissários do Tesouro de S. M. e os Comissários do Almirantado, e o Governador dos Cinco Portos terão de dar a este respeito as ordens necessárias, segundo lhes competir respectivamente = Estevão Cottrell =”

        Anteontem chegarão aqui de Hamburgo 8 embarcações que formavam parte de uma frota de 24 velas Britânicas que se achavam ancoradas naquele porto. A 30 do mês passado pelas 4 da tarde lhes comunicou ali de repente o nosso Vice-Cônsul uma ordem peremptória para que saíssem daquele porto, em 12 horas, e do Elba sem perda de tempo. Procedeu aquela ordem de ter o cônsul da Prússia em Hamburgo declarado de ofício que todos portos dos domínios Prussianos, e todos os demais no Norte da Europa onde S. M. Prussiana tem alguma intendência, deviam ficar fechados para as embarcações e manufacturas Inglesas. É fácil de supor a consternação que a referida notícia produzi-o em Hamburgo. Alguns navios saíram dali em lastro tão-somente, e um sem ele: uns com todas as cargas que tinham levado, e outros meio descarregados. Tão urgente era a ordem Oficial da chalupa de ‘S. M. Spy’, que de conserva com um bergantim tinha ido pelo Elba até Siadt, para proteger os navios ao vir dali, declarou que toda a embarcação que ficasse atrás depois do tempo dado teria de ser queimada. Uma das ditas embarcações, ao descer o Elba, encalhou da banda Dinamarquesa do rio, e foi ali detida por causa de uma disputa suscitada a este respeito. Três grandes navios Russianos tiveram de ficar para trás, em razão de se lhes haver tirado todo o seu aparelho. Como se levantasse depois um temporal, vários navios, inclusos 5 Ingleses, foram varados na cesta, e tiveram algum tempo à espera da chalupa ‘Spy’ e do bergantim, com o resto do comboio; mas, como se lhes não unissem, julgaram não dever demorar por mais tempo a sua viagem. A cada momento se espera agora que cheguem as embarcações que faltam ao dito comboio.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 25 de Abril de 1806

Lisboa 25 de Abril de 1806

       Despachos e Provimentos Militares para o Ultramar - Por decreto de 22 de Abril de 1806, reformado no posto de Chefe de Divisão da Marinha de Goa, com o soldo por inteiro, Diogo da Costa de Ataíde Teive. Por decreto de 25 de Abril de 1806, reformado no posto de Chefe de Divisão da Marinha de Goa, o Capitão-de-mar-e-guerra, D. Cristóvão Perira de Castro.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 26 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 8 de Abril de 1806

       Na sessão da Câmara do Comuns de 28 do mês passado apresentou o Lord Henrique Petty, Chanceler do Tesouro, o seguinte recado de S. M.

        “Jorge Rei. S. M. desejando dar alguma mostra assinalada do Real favor e aprovação ao Vice-Almirante Duckworth, Cavaleiro do Banho, em consequência dos relevantes serviços que fez no combate travado com a esquadra Francesa a 6 de Fevereiro próximo passado, quando todas as naus de linha da dita esquadra foram tomadas ou destruídas, e do valor e perícia, que ele manifestou nessa ocasião, recomenda aos seus fiéis Comuns que habilitem para assegurar-lhe uma pensão de mil libras por ano, durante a sua vida natural.”

        Outro semelhante recado foi dirigido à Câmara dos Pares. Havendo-se deliberado sobre este objecto em ambas as Câmaras a 31 de Março, resolveu-se unanimemente que se apresentasse uma memória a S. M. agradecendo-lhe o seu benigno recado, e assegurando-lhe que o Parlamento está pronto a concorrer para qualquer mostra do Real favor que se haja de conferir ao valoroso Duckworth. Já a 25 tinham resolvido ambas as Câmaras do Parlamento, sem discrepância de votos, que se desse o seu agradecimento ao dito Vice-Almirante, aos Contra-Almirantes Cochrane e Luiz, aos Capitães e Oficiais da esquadra &c. pela sobredita vitoria. Nessa ocasião observou Mr. Rose na Câmara dos Comuns que as presas feitas nesta distinta vitória completavam um total de 109 naus de linha tomadas ao inimigo e unidos à nossa própria força durante a Administração do grande Pitt, que já não existia, e que por tanto tempo dirigira os negócios deste país. A 28 do mês passado desembarcou em Deal um correio, acompanhado por dois Oficiais Franceses, e logo partirão para esta capital, onde chegarão nessa noite. O dito correio trousse novos despachos do Governo Francês; mas tanto sobre estes despachos, como os precedentes do Ministro Francês Talleyrand se tem aqui procedido com o maior segredo. É muito provável que o dito correio trouxesse uma resposta à carta que Mr. Fox dirigira àquele Ministro na noite de 21 de Março. Ontem chegou a Dover outra embarcação com bandeira parlamentária, e trousse também despachos, que foram logo transmitidos ao Governo. A chegada da dita embarcação deu logo um impulso extraordinário aos fundos.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 29 de Abril de 1806.

        

Estados Unidos da América–Washington 8 de Fevereiro de 1806

        A 5 deste mês no Senado dos Estados Unidos, o General Smith, de Maryland, em nome da Deputação, a cujo exame se entregara a 15 de Janeiro próximo passado aquela parte do recado do Presidente, que diz respeito às pilhagens que tem sofrido o nosso comércio em alto mar, e dá a saber os novos princípios adoptados pelos Almirantados Britânicos, como um pretexto para serem as nossas embarcações julgadas por presas naqueles Tribunais, submeteu à consideração do Senado as resoluções seguintes:

I.º Que o serem os navios Americanos com as suas carregações tomados por ordem do Governo Britânico e adjudicados pelos seus Tribunais do Almirantado, sob pretexto de se haverem empregado, com os inimigos da Grã-Bretanha, num comércio proibido em tempo de paz, é uma agressão não provocada contra os bens dos cidadãos destes Estados Unidos, uma violação dos seus direitos neutrais, e uma usurpação de sua Independência Nacional.

II.º Que se requeira ao Presidente dos Estados Unidos, que exija com toda a instância a restituição dos bens dos seus cidadãos tomados e condenados sob pretexto de se haverem empregado, com os inimigos da Grã-Bretanha, um comércio proibido em tempo de paz; insistindo igualmente em que os ditos cidadãos Americanos sejam indemnizados das perdas e danos que tiverem sofrido pelas sobreditas presas e condenações; e que entre o Governo Britânico, sobre esta e outras diferenças subsistentes entre as duas Nações (em especial a respeito da prisão de marinheiros Americanos) naqueles ajustes que forem compatíveis com a honra e interesses dos Estados Unidos; manifestando o quanto estes desejam sinceramente obter para si e para os seus cidadãos, por meio de uma negociação amigável, a justiça que lhes compete:

III.º Que convém proibir por uma lei que se importem para os Estados Unidos os seguintes efeitos, géneros ou mercadorias, de produção ou fábrica do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, ou de suas dependências, convém saber; lanifícios, fazendas brancas, chapéus, pregos, espelhos, água-ardente de cana, quinquilharia, ardosia, sal, carvão, botas, sapatos, fitas, sedas, e objectos de vidro e de casquinha de prata, devendo a dita proibição começar desde o dia … menos que de antemão se façam ajustes amigáveis entre os dois Governos sobre as diferenças que entre eles subsistem; e prosseguir até estes ajustes fiquem concluídos.

        Lida que foi esta conta, determinou-se que sobre ela se houvesse de deliberar noutra ocasião. A dita conta, em que se intentam incluir os agravos em matéria de comércio de que se queixão os negociantes de New York, Filadelfia, Baltimore, Boston, Salem, e outros portos marítimos, mostra o como se à de proceder para conseguir que eles reparem.





Grã-Bretanha-Londres 15 de Abril de 1806

        Na Gazeta da Corte de 29 do mês passado se publicou uma carta do Vice-Almirante Dacres, Comandante em chefe das forças navais de S. M. na Jamaica, datada no Porto Real, a 13 de Janeiro próximo passado, por onde participava que os navios de ‘S. M. Malabar’ ao comando do Capitão Hall, e o ‘Wolfe’ ao comando do Capitão Mackenzie, tomarão a 2 daquele mês no porto de Azarades, na ilha de Cuba, os corsários Franceses ‘Regulador’ e ‘Napoleão’, dois dos maiores que tinham saído de Santiago, apesar das rochas que protegiam a sua situação: o ‘Regulador’ se achava armado com uma peça de bronze do calibre 18, e 4 do de 6, e 80 homens a bordo; e o ‘Napoleão’ com uma de 9, duas de 12 e duas de 4, e 66 homens a bordo. Houve um combate que durou sem intermissão por uma hora e três quartos, senão quando os das equipagens dos navios inimigos que lhe sobreviverão abandonarão os ditos navios, e saíram em terra nos matos, de sorte que não aprisionámos mais que 4, um dos quais estava mortalmente ferido. Então se trouxeram a reboque para fora das rochas as duas presas; mas o ‘Regulador’ foi logo a pique, com 2 franceses que nele se achavam feridos, e um soldado nosso da marinha: à excepção deste homem, nada mais se perdeu a bordo do ‘Malabar’. A bordo do ‘Wolfe’ houve 2 homens mortos e 4 feridos. Na Gazeta da Corte de 8 deste mês, fez público ter o rei mandado significar por Mr, Fox, seu Secretário dos Negócios Estrangeiros, aos Ministros das Potencias neutrais residentes nesta corte, que estão tomadas de ordem de S. M. as medidas necessárias para o bloqueio da entrada dos rios Ems, Weser, Elba e Trave; e que desde aquela data todas as medidas autorizadas pelo Direito das Gentes, e pelos Tratados respectivos entre sua S. M. e as diferentes Potencias neutrais, se ão, de adoptar e por em execução relativamente a todas as embarcações, que tentarem violar o dito bloqueio. A proclamação Prussiana, para excluir o comércio Britânico, &c. é do teor seguinte:

        “Por um Tratado concluído entre S. M. Prussiana, e o Imperador da França e Rei de Itália, se estipulou que os portos do Oceano Germânico (Mar do Norte) e os rios que nele vão desaguar fiquem fechados aos navios e comércio da Grã-Bretanha, do mesmo modo que se praticou em quanto ocupavam Hanôver as tropas Francesas. As tropas Prussianas por tanto tem ordem de negar entrada a todos os navios Britânicos, que tentarem entrarem nos ditos portos e rios, e faze-los retroceder. Também se ão de dar providencia, para impedirem que se desembarquem e transportem mercadorias Inglesas. Dado no Quartel-general de Hanôver a 28 de Março de 1806. = Schulemburgo =.”